Thursday, 12/9/2024 | 9:34 UTC-3
Falando de Gestão

Silvio Santos, o grande empreendedor

Pedro Paulo Morales
Jornalista Digital

O céu deve estar cantando “Silvio Santos vem aí” e deve estar em festa! Senor Abravanel, conhecido como Silvio Santos, faleceu hoje em São Paulo, aos 93 anos, devido a uma broncopneumonia.

Silvio Santos foi, sem dúvida, o maior apresentador de televisão do Brasil e detentor de um recorde mundial: a manutenção de um programa de televisão por 60 anos no ar. Como ouvi hoje, e concordo, Silvio Santos é o homem mais conhecido do Brasil, por muitas gerações diferentes. Não existe ninguém que não tenha ao menos ouvido falar em seu nome.

Senor Abravanel nasceu no Rio de Janeiro, no bairro da Lapa. Sua família era humilde, e pela necessidade, o menino Senor já vendia canetas nas ruas do bairro. Conta-se que ele vendia 150 canetas somente no horário em que o guarda da região ia almoçar. O jovem estudou e se formou como Técnico de Contabilidade. Aos 18 anos, foi servir ao Exército como paraquedista. Nas folgas, estagiava em uma rádio no Rio de Janeiro. Nessa mesma época, conseguiu bicos na Rádio Continental e na TV Tupi. Chegou a ganhar alguns concursos de locutores, mas desistiu da profissão porque ela não dava dinheiro.

Dos cruzamentos da cidade, o jovem foi vender mercadorias na barca de Niterói, onde conseguiu autorização para instalar um serviço de alto-falantes que ajudava a divulgar seus produtos, além de divertir os passageiros. Nessa época, sua voz começou a ser notada por empresários do rádio, que o convidaram para ir a São Paulo. Chegando em São Paulo, começou a participar de programas de calouros e foi aí que ganhou o nome artístico de Silvio Santos. Nessa época, Silvio percorria o interior de São Paulo, se apresentando em circos e clubes ao lado de outros artistas. Chegou a montar a “Caravana do Peru que Fala”, nome que ganhou do apresentador Manuel de Nóbrega.

Em 1958, já com algum dinheiro no bolso, Silvio Santos assumiu uma empresa de baús de brinquedos que os pais das crianças compravam a prestação durante o ano para presentear seus filhos. Manuel de Nóbrega tinha essa empresa em sociedade com um empresário alemão, mas estava em dificuldades financeiras. Silvio Santos viu uma oportunidade no negócio e se ofereceu para ajudar a resolver o problema. A empresa tinha um produto que se destacava, a boneca Dandá, fabricada pela Brinquedos Estrela, e Silvio conseguiu vender cerca de 40 mil unidades, um sucesso!

A empresa cresceu e deu origem ao Baú da Felicidade. O sucesso do Baú estava ligado à qualidade dos produtos. As pessoas compravam as mercadorias, que permaneciam durante anos em suas casas, e voltavam a comprar porque eram boas. Algumas tinham um preço um pouco acima do mercado, mas essa diferença cobria a distribuição dos prêmios (casas, carros, eletrodomésticos), o verdadeiro motivo pelo qual as pessoas compravam. Quem não se lembra dos programas “O Preço Certo”, “Qual é a Música?” ou “Pião da Casa Própria”, assistidos pelas nossas avós? Ou dos vendedores do Baú, que sempre batiam em nossas casas oferecendo o carnê de mercadorias? Muitas vezes, eles podiam ser vistos desembarcando de Kombis brancas, sempre novas em folha, com o símbolo do Baú da Felicidade, compradas na Vimave Veículos, que fazia parte do Grupo Silvio Santos, também responsável pela compra dos Fuscas distribuídos pelo próprio Silvio.

Com os negócios do Baú fazendo sucesso, Silvio começou a comprar horários na TV Paulista, Canal 5, antecessora da Globo, e iniciou seus programas de auditório. A empresa Silvio Santos Publicidade Ltda. cuidava de toda a publicidade do programa, e logo começou a prosperar. Silvio não escondia de seus amigos próximos que queria ter um canal de televisão. Em 1976, apoiado por artistas de todo o Brasil, conseguiu a concessão do Canal 11 no Rio de Janeiro.

Para essa nova empreitada, o Grupo Silvio Santos, que já era formado por várias empresas como concessionárias de veículos, fazendas, lojas de móveis e eletrodomésticos, estúdios de cinema e televisão, além do Baú da Felicidade, entre outras, comprou um galpão de um frigorífico desativado no bairro de São Cristóvão para instalar os estúdios da TVS – Studios Silvio Santos Cinema e Televisão Ltda. O empresário também arrematou, em um leilão, os antigos equipamentos da TV Continental do Rio de Janeiro, que curiosamente podiam transmitir em cores também.

Em 1976, o Grupo Silvio Santos adquiriu 50% do controle acionário da Rádio e Televisão Record Ltda., passando a transmitir o programa de domingo pela TVS, Record no Rio de Janeiro e São Paulo, e Rede Tupi de Televisão nacionalmente. Essa aquisição foi feita após a saída de Silvio Santos da grade de programação da Rede Globo de Televisão. Devido a problemas financeiros, a Rede Tupi teve seus canais de televisão fechados, e Silvio conseguiu a concessão dos canais 4 de São Paulo, 5 de Porto Alegre, Belém e 9 do Rio de Janeiro, sendo a única emissora que transmitiu seu contrato de concessão.

A partir desse momento, Silvio Santos se consagrou como o dono do Sistema Brasileiro de Televisão, lançando vários artistas e programas inéditos, como o primeiro reality show brasileiro, o “Programa do Gugu”, “Domingo Legal” e vários outros. São muitas histórias para contar, e talvez existam muitas outras que saberemos aos poucos, à medida que artistas, empresários e o próprio povo contarem.

Com este texto, presto minha homenagem ao grande Silvio Santos, um empresário admirável, artista que encantava o povo e homem de família. Suas histórias serão lembradas através dos depoimentos de artistas, políticos e do próprio povo. Silvio fez parte da história de cada um dos brasileiros.

Quem nunca deu uma espiada nas pegadinhas ou no show de calouros nas noites de domingo?

Foto: Divulgação SBT

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