Saturday, 12/4/2025 | 9:21 UTC-3
Falando de Gestão

Será o Fim da CLT?

Carlos Delano Rebouças Professor

Professor Delano Rebouças

A minha geração, denominada X, sempre ouviu dizer que aqueles que viessem a virar as costas para a Internet, que dava sua cara ao mundo na minha juventude, ficariam fora do mercado, esquecidos e preteridos, talvez no cemitério dos apagados. Ela viriam a ser esse divisor de águas no mercado de trabalho, separando os fortes dos fracos, definindo estes como analfabetos digitais.

Décadas se passaram, cá estou eu com meus cinquenta e poucos anos, e continuo a ver seu avanço. Hoje, não mais como personagem único desse monólogo que se chama vida. Vieram a partir dessa filha pródiga da tecnologia moderna outras mais que assumem o protagonismo em diversos momentos, impactando nossas relações sociais, agindo com muita inteligência na sua artificialidade.

É estranho ver que a criação até parece voltar-se contra o criador. Isso mesmo! O que antes nos parecia um aliado, hoje, mais parece um inimigo. Passamos a ser suas vítimas (ou somos, de fato, nossos algozes com o mau uso dela?).

Leio repetitivamente no LinkedIn postagens que dizem que o mercado de trabalho sofre com a carência de mão de obra para determinadas funções, em determinados setores. Vejo também outros mais que apresentam dados preocupantes desse cenário, sob a justificativa de que atividades regidas pela CLT não atraem mais o interesse de muita gente. São dados, dados, dados sustentados pelas mais diversas explicações que se fortalecem na mesma rede e se multiplicam nas demais.

Forma-se, então, uma legião de defensores dessa causa, numa fortíssima campanha contra o “trabalho escravo”, como assim definem a CLT. Embora garantidor dos direitos trabalhistas (ou do que resta deles), trabalhar nessa condição não mais atrai o interesse, sobretudo dos mais jovens, os que pertencem a geração Z. Dizem: “Ora! Por que devo trabalhar oito, nove, dez horas diárias sob ordens, cobranças, regras e práticas de remuneração baixíssima, se não mais me seduz?”

E assim, esse exército da libertação quebra suas amarras e se alforria da escravidão que chamam trabalhar de carteira assinada. E quando tentam, em pouco tempo jogam tudo para o ar, pedem para ir embora e fazem postagens nas redes sociais registrando com alegria esse feito.

Sem demora, transforma-se em profissionais autônomos, livres e soltos nas redes sociais. Fomentam recursos, fazem seus negócios funcionarem. Influenciam novos “empreendedores” e engrossam a fila dos que não desejam voltar a ser “empregado” de ninguém. Assim nascem os empreendedores digitais, os influenciadores.

É, meus caros leitores! O mercado de trabalho está à beira de um colapso. O que antes parecia fácil de encontrar, quando a procura ainda era maior que a oferta; hoje, a dificuldade é de garimpar e identificar quem queira. E assim, fica nas mãos dos profissionais de RH aprimorar suas habilidades para selecionar não mais os melhores, mas sim os menos ruins, em meio a péssimas políticas de remuneração praticadas no Brasil.

Carlos Delano Rebouças – Professor e Palestrante e Instrutor de vários cursos de formação profissional.   instagram.com/professor.carlosdelano/

Banner
About

O site Falando de Gestão tem a missão de produzir conteúdo capaz de despertar Insights positivos nos leitores.

POST YOUR COMMENTS

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Fale com a gente Nossos contatos

Email: atendimento@falandodegestao.com.br

Phone: 85 98568-1058

Address: Fortaleza -Ceará