Como Surgiu o Termo Estratégia? Quais São os Fatores Essenciais Para Uma Análise Estratégica? O Que Significam as Terminologias Missão, Visão e Valores? Quais as Sete Etapas para o Planejamento Estratégico Propostas Por Chiavenato?

Professor Julio- Professor Universitário, Palestrante e Consultor Empresarial

Gestão Estratégica de Negócios é um conjunto de ações de gerenciamento dos recursos de uma organização, a fim de tentar alcançar suas metas e objetivos. Como o próprio nome sugere, essa forma de gerenciar é utilizada para conduzir um negócio por meio de estratégias que envolvem toda a estrutura da empresa. Mas, antes de entrarmos em qualquer discussão sobre o tema, é importante compreender essas duas (2) terminologias – gestão e estratégia. A gestão se refere à administração de uma organização, que pode ser com ou sem fins lucrativos. Assim, é possível perceber terminologias como gestão de empresas ou gestão pública. Já o termo estratégia surgiu no meio militar, sendo considerada a arte do general, com a função de coordenar e comandar uma tropa para o alcance de um objetivo, que, neste caso, seria vencer a batalha.

Um bom exemplo de estratégia é o filme “Troia”, que relata a disputa entre as cidades de Troia e Esparta. Além do cavalo de Troia – bem comum como exemplo de estratégia – temos a cena em que Aquiles é escolhido para lutar contra o gigante Boagius. Aquiles, de porte pequeno, não conseguiria vencer Boagius em luta corporal, mas ele tinha a vantagem da agilidade. Dessa forma, foi correndo em direção ao oponente e, com um golpe certeiro, derrubou o gigante. No relato da luta de Aquiles e Boagius, cena do filme Troia, existem vários aspectos que podem ser usados como analogia na área de gestão. Aquiles era treinado e sabia lutar com qualquer adversário, conhecia o ambiente e sabia das forças e fraquezas do seu rival. Esses são fatores essenciais para a análise estratégica.

Após compreendermos os conceitos de gestão e estratégia fica mais fácil compreender gestão estratégica, que, segundo Coelho Júnior (2003), é considerada um sistema de indicadores de desempenho que delineia os caminhos a serem desenvolvidos pela gestão em relação às iniciativas e ações estratégicas previamente definidas. Então, pode-se dizer que o pilar da gestão estratégica se encontra nos processos, tornando as atividades organizacionais integradas, sistêmicas e interdependentes, substituindo a estrutura isolada por departamentos. Segundo Thompson Júnior et al. (2008), a estratégia de uma empresa é modelada parcialmente pela escolha dos administradores e em parte pela necessidade de adaptação de “aprender fazendo”.

Na gestão estratégica, é importante delimitar os objetivos e estabelecer como eles serão alcançados, levando em consideração a alocação de recursos para o cumprimento das metas. Sendo a gestão estratégica a forma de gestão aplicada pelos gestores de uma empresa que levam em consideração os aspectos internos e externos da organização, faz-se necessária a compreensão dos fatores inerentes à análise ambiental. O ambiente interno define as forças e fraquezas da organização, comparada com seus concorrentes, e o ambiente externo as ameaças e oportunidades de mercado. Esses elementos são essenciais para o diagnóstico empresarial que faz parte do planejamento estratégico, nosso próximo tópico de análise.

Planejamento Estratégico

Planejamento Estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando aperfeiçoar o grau de interação interna e externamente com o ambiente e consequentemente com todos os seus stakeholders, atuando assim de forma inovadora, estratégica e tecnologicamente superior. Envolve, portanto, a formulação dos objetivos e das metas que devem ser seguidas para o alcance dos fins almejados ([1]). CHIAVENATO ([2]) propõe sete (7) etapas para o Planejamento Estratégico:

1. Determinação dos Objetivos: Irá traçar o que se pretende com o plano, quais objetivos são almejados.
2. Análise do Ambiente Externo: é a realização da análise do ambiente externo, que engloba forças econômicas, legais, politicas, tecnológicas e sociais.
3. Organizacional Interna: analisa as forças que estão relacionadas diretamente com a organização.
4. Formulação de Alternativas: são as alternativas viáveis encontradas para a empresa aplicar, conforme o que foi analisado no ambiente interno e externo e que atinja os objetivos organizacionais.
5. Elaboração do Planejamento: será a elaboração do plano com o diagnóstico e com as estratégias que serão implementadas de acordo com os objetivos propostos.
6. Implementação e Execução: colocar em prática o que o que foi estipulado no planejamento estratégico. Os planos táticos e operacionais ajudarão na execução das diretrizes do planejamento estratégico.
7. Avaliação dos Resultados: monitoramento e controle das ações executadas. Possíveis falhas devem ser identificadas e corrigidas visando à melhoria contínua com foco na gestão da qualidade total.

É importante destacar que a análise do ambiente interno e externo dará suporte para a construção da análise SWOT, ferramenta utilizada na área de gestão para a construção do diagnóstico organizacional. As forças e fraquezas estão relacionadas com o ambiente interno, do qual a empresa tem controle. Como exemplo, se a empresa concorrente diminui o preço de um produto para incentivar a demanda, a empresa consegue responder esta ação reduzindo o preço também, caso seja viável. Já as forças do ambiente externo, consideradas como macro ambientais, são as que afetam a empresa sem que esta tenha controle. Um exemplo está nas variações climáticas que afetam a agricultura, ou a escassez de matéria-prima que impacta na mudança da produção de um bem, assim como fatores: políticos, legais econômicos ou sociais. Uma empresa, por exemplo, não consegue mudar uma legislação para seu benefício; assim, precisa se adaptar às normas e aos regulamentos vigentes.

Objetivos Estratégicos

A palavra objetivo refere-se a um propósito, algo que se pretende atingir. Não se pode confundir objetivos com metas, esta última é considerada a parte quantitativa de um objetivo e tem prazo estipulado. Para exemplificar, o objetivo de uma empresa é ser líder no mercado em que atua. Nesse caso, a meta deve apresentar a quantidade de vendas que a empresa deve realizar e o tempo necessário para atingi-lo. Os objetivos estão presentes em todas as ações e na vida diária de uma pessoa. Somos movidos por objetivos que nos inspiram a trabalhar e realizar nossas ações. Um estudante tem como objetivo a sua formação acadêmica, o lutador de boxe tem como objetivo vencer as competições, o professor tem como objetivo ensinar. O mundo é movido por objetivos e pelo cumprimento de metas para alcançá-los. Sendo assim, a razão de existir de uma organização é um objetivo. Todas as empresas devem estabelecer conceitos estratégicos de gestão, que são definidos na missão, na visão e nos valores. Mas o que significam essas terminologias?

• Missão é a razão de ser da organização, o seu propósito de existir, ou o que ela se propõe a fazer.
• Visão é o objetivo a longo prazo, onde ela pretende chegar.
• Valores são os princípios que a organização preza e que devem estar presentes em todas as ações e em todos os colaboradores, para que ela cumpra com sua missão e atinja a sua visão.

Observe no exemplo a seguir como um fabricante de cosméticos pode estabelecer sua missão, sua visão e seus valores: 1. Missão: enaltecer a beleza feminina e masculina com produtos que prezam pelo meio ambiente / 2. Visão: tornar-se referência mundial com uma marca reconhecida globalmente / 3. Valores: ética, responsabilidade social, criatividade e valorização pessoal. Esses elementos ajudam a definir a identidade de uma empresa e a elaboração do planejamento estratégico e, além disso, norteiam as decisões da organização. Se, por exemplo, uma empresa preza pela ética e pela sua integridade, não vai definir ações que sejam contra os seus princípios. Ciente disso, deve atentar para que todos os colaboradores sigam esses princípios, pois refletem a imagem da organização.

Imagine um funcionário com o uniforme da empresa envolvido em uma situação constrangedora. As pessoas que visualizam a cena não vão saber o nome do indivíduo, mas vão comentar que trabalha naquela empresa. Atualmente, com a facilidade de compartilhamento de informações pelas redes sociais, as empresas devem redobrar a sua atenção em ações, prezando pela sua imagem e boa reputação. Quando se aborda sobre objetivo estratégico, é um desafio para o gestor transformar os objetivos em estratégias e, consequentemente, em planos de ações.

REFERÊNCIAS

BOTELHO, J. C.; MANOLESCU, F. M. K. O marketing verde como diferencial competitivo nas organizações. In: ENCONTRO LATINO AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 14.; ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓS-GRADUAÇÃO, 10., 2010. Anais […]. São José dos

Campos, SP: Universidade do Vale do Paraíba, 2010. Disponível em: http://

http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/0003_0495_01.pdf. Acesso em: 20 jan. 2020.

CONTADOR, J. C.; MEIRELES, M. Análise da Competitividade por campos e armas da competição. In: ENANPAD. 2001. Anais […]. Campinas, SP: 2001. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2001-eso-112.pdf. Acesso em: 12 jan. 2020.

FERRELL, O. C; HARTLINE, M. D. Estratégia de marketing: teoria e casos. São Paulo: Cengage Learning, 2016. QUAL O IMPACTO ambiental dos produtos que você consome? [S.l.: s.n.], 2016. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal naturabroficial. Disponível em: youtube. com/watch?v=0WQcDgmmq_0. Acesso em: 8 abr. 2020

([1])  OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceito, metodologia e práticas.17º Edição .São Paulo: Atlas.2007, p. 33

([2])  CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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